Movimentos Urbanos são feitos por grupos de pessoas que compartilham de um
ideal político, e que não estão satisfeitos com a política atual. O grupo se
junta e faz manifestações para mostrar a sua indignação diante da situação atual
e propões melhorias. Um exemplo de Movimento urbano é o Movimento Passe Livre
(MPL).
Movimento Passe Livre
A revolta popular que originou o Movimento Passe Livre aconteceu em
Salvador, capital da Bahia. Em 2003, milhares de jovens, estudantes,
trabalhadores e trabalhadoras fecharam as vias públicas, protestando contra o
aumento da tarifa. Durante 10 dias, a cidade ficou paralisada. O evento foi tão
significativo que se tornou um documentário, chamado “A Revolta do Buzu”,
deCarlos Pronzato. As mobilizações tiveram força quando entidades estudantis tradicionais
(como a UNE e a UJS) se colocaram como lideranças da revolta e foram negociar
com a Prefeitura. Esses grupos apresentaram 10 pautas, das quais 9 foram
alcançadas, entre elas a meia-passagem para estudantes de pós-graduação e o
direito do uso da meia passagem estudantil nos finais de semana, feriados e
férias.
Em 2001 iniciou-se uma movimentação juvenil dos Diretórios Acadêmicos das
Universidades Públicas e grêmios de Escolas Públicas da capital catarinense. Em
2004, um grupo emFlorianópolis, inspirado pela experiência de Salvador, já se
articulava numa proposta diferente das organizações estudantis tradicionais. Ao
longo de uma semana de intensas mobilizações, a cidade parou na famosa
"Revolta da Catraca" ou "Amanhã vai ser maior". A
reivindicação era, mais uma vez, a redução das tarifas de ônibus, e havia a
participação de outros grupos, como associações de moradores, professores,
punks e a população em geral. Os protestos foram bem-sucedidos, e naquele ano o
aumento foi revogado. Em 2005, um novo aumento foi anunciado, porém, após um
mês de manifestações, a prefeitura anunciou seu cancelamento.
Durante os anos seguintes, manifestações contra aumentos de tarifa e contra
o atual sitema de transporte ocorreram em diversas regiões brasileiras, como
São Paulo, Itu, Belo Horizonte, Curitiba, Cuiabá, Porto alegre, Rio de Janeiro,
Brasília, Joinville, Blumenau, Fortaleza, Recife, Aracaju, Rio Branco, entre
outras. Em 2006, a tarifa de ônibus diminuiu após mobilizações populares em
Vitória.
No início de 2011, aumentos nos preços das passagens do transporte coletivo
provocaram imensas manifestações em todo o Brasil, principalmente em São Paulo,
onde a luta contra o aumento reuniu semanalmente, durante 3 meses, cerca de 2
mil estudantes nas ruas do Centro. O período também foi marcado por conquistas
na região Norte: em Belém, a população organizada conseguiu reverter um
aumento, e, em Porto Velho, o aumento foi suspenso durante duas semanas.
Em 2012, a prefeita Micarla de Sousa, Natal(RN) elevou a passagem, então de
R$ 2,20, para R$ 2,40, milhares de jovens se lançaram às ruas e conseguiram,
depois de muitas passeatas, interrupções da BR 101 e ocupações de grandes
avenidas da cidade, reverter o aumento. O sindicato das empresas de ônibus, o
SETURN, para castigar o movimento, então, retirou o benefício da integração,
mecanismo pelo qual o passageiro utiliza o mesmo bilhete para mais de uma
passagem dentro de certo intervalo de tempo. Foi como jogar gasolina no fogo.
Os jovens voltaram às ruas, dessa vez em maior número, mais indignados, e
novamente saíram vitoriosos, com a volta da integração. Nem mesmo a forte
repressão policial deteve a força da juventude da cidade. O período eleitoral e
o imenso desgaste da prefeita ajudaram.
A Revolta do Busão se nutria em parte da força de outro movimento, o Fora
Micarla, que também reuniu milhares no início de 2012, lançou-se nas ruas e
realizou uma duradoura ocupação daCâmara Municipal, exigindo a renúncia da
prefeita, acusada de corrupção e de destruir a cidade. O Fora Micarla se
espelhava, e em grande medida se assemelhava a outras manifestações que
ocorriam no mundo naquele momento, como o movimento dos “Indignados”, na
Espanha, e o “Occupy Wall Street”, em Nova Iorque.
Em 2013 o movimento começou em março, em Porto Alegre e se espalhou para
outras cidades como São Paulo, Belém, Curitiba, Brasília, Rio de Janeiro e
Salvador. Os protestos receberam destaque nas principais agências de
comunicação internacionais, que ressaltaram a "truculência" da
polícia brasileira e o "clima de insegurança" presente na véspera de
grandes eventos esportivos a serem sediados no país.99 113 Dentre os grupos
midiáticos que cobriram os protestos incluem-se o jornal espanhol El País, o
francês Le Monde e a rede de notícias norte-americana CNN.117 118 Para a rede
britânica BBC, as manifestações trariam complicações para a realização da Copa
das Confederações, especialmente no caso de protestos análogos que ocorreram na
cidade do Rio de Janeiro. O jornal americano The New York Times concordou e
destacou os confrontos entre os manifestantes e a polícia. O periódico também
comparou o movimento com a Revolta do Vintém de 1879 no Rio de Janeiro, uma
série de protestos populares contra o aumento das passagens dos bondes. A
revista alemã Der Spiegel anunciou que houve "batalhas de rua por causa de
sete centavos" (R$0,20 convertidos em Euro). Após os acontecimentos do dia
13 de junho, protestos em solidariedade aos participantes das manifestações de
São Paulo foram marcados em Portugal, França, Alemanha, Irlanda, Canadá, dentre
outros países, perfazendo um total de 27 cidades no mundo. Manifestantes da
Turquia também expressaram em mensagens apoio aos protestos no Brasil. Pela
repercussão do movimento, e em busca de soluções, em 24 de Junho a presidente
Dilma Rousseff recebeu no Palácio do Planalto quatro representantes do MPL:
Matheus Nordon Preis, Mayara Longo Vivian, Rafael Bueno Macedo Siqueira e
Marcelo Caio Nussenzweig Hotimsky.